Embora o Conselho de Transporte do Município de Belém tenha aprovado, em reunião realizada ontem de manhã, o valor de R$ 1,90 para o novo preço da passagem de ônibus na capital paraense, a tarifa cobrada será de R$ 1,85. A informação foi confirmada à noite pela assessoria de imprensa da prefeitura de Belém, a qual alegou que o município vem procurando melhorar o sistema de transporte público. "Em 2010, a PMB (Prefeitura Municipal de Belém) pretende implantar terminais de integração para universalizar e baratear ainda mais o serviço de transporte coletivo", assinalou a nota.
Durante a reunião do Conselho, no entanto, o valor aprovado foi o de R$ 1,90, por nove votos a favor e quatro contra. O preço havia sido apresentado por planilha técnica elaborada pela Companhia de Transporte de Belém (CTBel), enquanto o Sindicato das Empresas de Transporte e Passageiros de Belém (Setrans-Bel) brigava por R$ 1,97.
O encontro ocorreu às portas fechadas, na sede da CTBel, com a presença de representantes do poder público e sociedade civil. Para o supervisor técnico do Dieese, Roberto Sena, Belém tem uma das piores frotas de ônibus do país, além do fato de apenas o usuário subsidiar os reajustes, o que também deveria incluir o poder público. "Esperamos que o prefeito Duciomar Costa homologue a tarifa acompanhada de um pacto com o setor empresarial, no sentido de garantir a melhoria no sistema de transporte, pois apenas aumentar a tarifa não é a solução".
Após vinte anos votando contra o aumento da tarifa, a Federação Metropolitana de Centros Comunitários e Associações de Moradores votou a favor. "Entendemos que o sistema está falido, por isso decidimos acreditar no cumprimento das melhorias e condições de serviço. Se isso não acontecer, faremos manifestações contra os empresários e a própria prefeitura", ponderou o presidente da entidade, Jorge Leal.
SISTEMA
Já a representante da Comissão dos Bairros de Belém (CBB), Graça Pires, disse que o Conselho não pode servir apenas para discutir o reajuste dos preços. "Queremos é discutir o sistema. Os empresários são muito incompetentes, sequer fazem manutenção nos veículos, e o poder público é muito relapso, não faz absolutamente nada para melhorar o serviço".
Segundo o representante do Setrans-Bel, Manoel Alves, a frota de Belém deverá continua sendo renovada anualmente. Para ele, o que foi votado não foi o repasse de custo e não o aumento da tarifa. "Repasse de custo não é aumento, ocorre em todas as atividades comerciais. Aqui, levamos em consideração o número de passageiros, velocidade operacional, aumento no quantitativo de meias-passagens e gratuidades, enfim, não é garantia de melhorias. O nível da frota continuará no mesmo nível - razoável para bom, considerando que a tarifa executada hoje é uma das mais baratas do país".
A assessoria de imprensa da prefeitura de Belém garantiu que o prefeito Duciomar Costa assinará ainda hoje o decreto que fixa a tarifa urbana de transporte coletivo no município em R$ 1,85.
Segundo o Dieese, a nova tarifa de R$ 1,85 terá um impacto de 17,41% no bolso dos usuários (em relação ao salário mínimo). Segundo o órgão, quem apanha duas conduções diárias e não tem vale-transporte vai gastar mensalmente R$ 88,80 com transporte. Com o preço antigo, o gasto era de R$ 81,60, que representava impacto de 16% sobre o salário mínimo. O órgão também calcula que a meia-passagem deva ficar entre R$ 0,90 e R$ 0,92.
O Dieese também analisou o possível reajuste da passagem do micro-ônibus, que caso siga o mesmo índice, deverá subir dos atuais R$ 2,80 para R$ 3,05 (aplicando-se o acréscimo de 8,82% adotado na passagem do ônibus urbano). Os mesmos valores deverão ser aplicados às passagens para Mosqueiro. Ainda segundo o órgão, se o preço da passagem de ônibus fosse corrigida levando-se em consideração apenas a inflação deste o último reajuste, ocorrido em dezembro de 2008, o valor não ultrapassaria R$ 1,80. (Diário do Pará)
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